terça-feira, 20 de abril de 2010

A Sagrada Família…de Elizabeth (2° parte)

Essa é sua família, formada pelas criaturas das Sombras, essa é sua Sagrada Família, e elas lhe conhecem pelo Nome de Elizabeth.
Por isso você é feliz ali, porque nesse espaço-tempo existem muitos Nomes para chamar na Noite Escura; e quando você sente-se só, como agora, procura a Noite, para chamar as criaturas, porque conhece Seus Nomes, que são sua família nas Sombras, seres que lhe acompanham, que caminham com você, desde o tempo fora dos Tempos.
Nesse lugar, você caminha com a morte, porque conhece a sua dualidade; você tem seus pés banhados pelos rios de lágrimas que foram deixados nos cemitérios, por aqueles que não compreendem a Noite e sua solidão, por aqueles que não conhecem a morte nas Sombras.
Mas para você, os sepulcros, as fossas, as lapides, são apenas uma fronteira entre os mundos; fronteira na qual você gosta de estar, sentar-se, e divertir-se com as criaturas noturnas, que aprendem nas historias escritas nas pedras, como evitar oesquecimento e assim enganar a morte.
Nem todos tem um Nome para chamar na Noite Escura, por isso tantos vivem em solidão, porque não aprenderam sobre as Sombras da Noite.
Quem conhece essas criaturas no está sozinho, pois na viagem entre as existências, na travessia entre a Vida e a morte, entre a morte e a Vida, entre o nascimento e o renascimento, somente esses seres Escuros, somente esses temidos seres, podem nos acompanhar.Porém quando não se conhecem seus Nomes, devemos viver sozinhos, morrer sozinhos, viver em solidão e morrer em solidão.
A ignorância da existência das criaturas Escuras, a ignorância do Povo da Noite, é a raiz do medo da morte, e a crença na solidão e na separação.
A transição final acontece quando a Luz não encontra mais espaço para Ser, para estar na matéria, e então a Vida se retira.
Mas ainda que a Luz e seus seres se apagam temporalmente da consciência, o Ser não fica sozinho, pois as criaturas noturnas o acompanham, de longe se lhes temem, da mão se o Ser as aceita como parte de um processo natural de Vida e enascimento.
O “Vale das Sombras” é belo, se você o sabe olhar e admirar; porém é um privilégio que poucos alcançam ainda que muitos o atravessam freqüentemente.
Poucos são os que percebem a sua beleza e a de suas criaturas; poucos são os que tem o valor de olhar a preciosa historia que contem cada lágrima vertida pela tristeza.
Poucos são os que tem a coragem de abençoar, as pegadas deixadas pela dor dos que partiram; poucos são os que aventuram-se a calçar a morte, e caminhar pelos cemitérios na Escuridão da Noite, chamando as Sombras e fazendo delas as suas companheiras; porque poucos são os que tem um Nome para chamar na Noite Escura.
Elizabeth, sua Sagrada Família, as criaturas, seus irmãos, seu choro, seus cemitérios, não são mais que a lembrança de sua juventude, de sua alma de menina, de suas memorias mais queridas.
Agora que o tempo se desfaz, em meio a poeira deixada pelas lápides esquecidas, somente as criaturas recordarão os Nomes daqueles que partiram, mas que estão prestes a retornar do sono do esquecimento, ao que foram relegados.
Por isso, o conhecimento que você carrega é valioso, pois que isso a torna um ponto que separa os mundos e um nó que une as existências.
pequenas palavras, longas frases, que somente através das memórias são capazes de restabelecer o propósito inicial da separação, mas que na morte encontram a sua razão de Ser.
Seres esquecidos, que esperam ser Nomeados, chamados para a Vida, antes que o retorno os alcance tornando doce as existências, porém amargos os Séculos.
Eles confiam, eles esperam, até que o dia se torne Noite, até que a Noite cubra toda existência com seu manto de Sombras e solidões.
A existência das criaturas é a razão de sua vida, porque você as tem honrado com a lembrança eterna, abençoando todas e cada uma delas, com o Amor que somente uma Filha das Sombras é capaz de sentir por elas.
Puro mistério, o que são as criaturas?
Uma parte sua, uma memoria de todos?
Ou a Historia de todas as historias?
Uma lenda não transcendida,
uma dor não purgada
um coração cheio de Luz,
preso em Luzes distantes.
Elizabteth,
O Amor
arrebatou você de uma estrela,
o Amor pelo Pai,
o Amor pela Mãe,
para que registre a historia
das criaturas
no Templo das Memorias.
Os Seres sabem,
Os Céus esperam…
Voltará você com
Sua missão cumprida?

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